Perante um
pavilhão lotado e uma cidade de Oliveira de Azeméis completamente envolta no
ritmo frenético do futsal, Portugal e Espanha degladiaram-se na tarde de ontem durante
40 minutos de emoção e grande qualidade táctica mostrando que o “Mundo da Bola”
deixou há muito de ser território exclusivamente masculino.
Impulsionadas pelo público, as
guerreiras lusas entraram a mandar no jogo e remeteram a Espanha às imediações
da sua baliza durante os primeiros minutos. Portugal estava bem mas as
oportunidades flagrantes tardavam em aparecer, pelo que com alguma naturalidade
o domínio territorial e posse de bola se tornaram divididos, espelhando o
equilíbrio extremo que marcou a primeira parte. Ana Pereira teve um par de
acções importantes ao interceptar venenosos contra-ataques das Espanholas,
enquanto Mélissa e Fatia fizeram o pavilhão levantar através de remates de meia
distância que rasaram a baliza adversária, mas não levaram a direcção
necessária para desfazer o nulo com que se chegou ao intervalo.
Na segunda parte, Portugal foi
fogo. As nossas atletas entraram mais uma vez a todo gás, mais habituadas ao
critério (demasiado) largo da arbitragem e determinadas a não deixar que o
cansaço – fatal contra o Brasil, na passada quarta-feira – se fizesse sentir.
Aos 5 minutos já Espanha levava 3 faltas, 2 amarelos e mais situações de
calafrio do que em toda a primeira parte. Matando a maioria dos contra-ataques
(única forma de ataque encontrada pela Espanha durante todo o jogo) antes mesmo
de começarem, a Selecção inclinou a quadra na direcção da baliza espanhola.
Fatia primeiro, numa bola parada de laboratório, e Ana Azevedo depois –
iniciativa individual – viram Vanessa Martinez travar a ameaça que Pisko
parecia finalmente concretizar muito perto do fim, mas desta feita foi o poste
esquerdo a conter a explosão. Pelo meio a capitã Rita Martins (homenageada no
início do jogo pelo cumprir da 25ª internacionalização) e Mélissa ainda
brindaram o público com recortes técnicos de alto nível, mas a adrenalina
acumulada só havia de ser liberta nos penaltys.
Neste capítulo, berço de tantos
heróis, emergiu Natalina Silvapara travar três das quatro tentativas espanholas,
enquanto todos os remates lusos encontravam a rede da baliza. Alegria imensa,
comunhão completa entre público e atletas, e cuidado Brasil, muito cuidado.
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