
A SURPRESA - MILAN
Muitos consideram o Milan versão 12/13 como o pior dos últimos anos. Órfão das estrelas maiores das temporadas passadas, vítima do inevitável processo de renovação que até os grandes clubes têm de ultrapassar, os piores receios dos adeptos rossoneri confirmaram-se, e nesta fase do campeonato, o histórico emblema de Milão está já fora das contas do título, a 11 pontos da Juventus.
No entanto, a noite de quarta-feira passada foi um verdadeiro oásis no meio de uma época marcada até agora pela banalidade. Foi um Milan versão autocarro que defrontou o Barcelona, é certo - todas as equipas acabam por encontrar a sua versão autocarro quando defrontam os catalães -, mas um autocarro com afinações muito próprias: músculo, paciência e muita solidariedade entre setores na hora de aguentar o tiki-taka, aliados a um poder de desdobramento ofensivo anormal numa equipa em “chip” ultra-defensivo.
Com 4
jogadores de mentalidade atacante no onze titular (Montolivo a tentar municiar
Boateng, El Shaarawy e Pazzini) o treinador Allegri desmistificou um pouco mais
a dinastia do Barcelona: por um lado cedeu à tentação de escalar um conjunto
que oferecesse mais garantias defensivas nos duelos individuais, concentrando o
processo defensivo na prevenção dessas situações de 1 para 1, ao fazer com que
fossem os médios e avançados (esses mesmo, os mais talentosos e pouco
habituados a defender) a assegurar a maioria das dobras à entrada do último
terço do terreno, deixando a linha defensiva tão folgada como possível para parar
os passes de rutura em zona central; por outro optou por colocar em campo
jogadores talentosos, capazes de desequilibrar nas poucas vezes em que
houvessem oportunidades para atacar – e foi isso mesmo que fizeram.
É certo
que a desinspiração do adversário foi também notória, até nas bolas paradas,
mas nada disso diminui o mérito do Milan: os italianos acabaram o encontro com
mais (!) remates que os espanhóis (8 contra 6), que só por duas vezes
encontraram a direção da baliza de Abbiati. Alcançada a perfeição tática, e o
rigor mental, o resto foi magia ganesa: Boateng e Muntari marcaram os golos (o
primeiro somou também uma assistência brilhante), eles que curiosamente tinham
contribuído muito pouco até então.
A
eliminatória está a meio, e será preciso mais uma exibição na linha da
perfeição para não deixar fugir esta vantagem, mas pelo grande jogo e pela
forma como contrariou todas as probabilidades, o Milan merece a distinção de
surpresa da ronda.
Na realidade o Milan já provou ser das poucas equipas que conseguem anular o Barça, como na época passada quando estava ainda Guardiola. Direi mesmo que as equipas italianas são as unicas neste momento que conseguem parar o futebol do Barcelona, pelas características inerentes à sua "genética": tacticamente e defensivamente perfeitas além da matreirice e capacidade de sofrimento. Não esquecer o Inter de Mourinho em 2010
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