Numa era em
que a paixão pelo jogo se restringe quase exclusivamente às bancadas, a esfera
do futebol assume uma dinâmica que torna quase impossível perceber onde acaba o
negócio e começa o resto – se é que há futebol para lá do negócio. Longe vão os
tempos em que os atletas sentiam o clube da mesma forma que os adeptos, quando
jogadores de clubes rivais eram de facto rivais, quando se podia dizer que
determinado jogador era o clube que
representava.
Mas, o
espetáculo tem de continuar, jogadores vêm e vão, os clubes perduram no tempo e
o comum adepto tem tanta necessidade de um ídolo que vista as suas cores, como
das cores em si.
É certo que a
dimensão (e as finanças, principalmente) da liga e dos clubes portugueses não
permite que o contexto atual gere figuras sagradas como Xavi, Casillas, Giggs
ou Totti, mas ainda assim o BT propõe-se a analisar os “jogadores-bandeira” que
figuram atualmente nos mais históricos emblemas lusos.
PORTO – LUCHO

Esta forte
ligação começou oficialmente no verão de 2005, ainda que tenha ficado a ideia
de que o negócio pelo jogador fora fechado um ano antes, no rescaldo da epopeia
europeia do Porto de Mourinho. Cerca de 3.5 milhões de euros por metade do
passe (acabaria por custar mais de 10 na totalidade), foi quanto a SAD portista
desembolsou para contar com aquele que era um dos jogadores mais cotados do
campeonato argentino, onde representava o histórico River Plate.
As promessas
de amor eterno começam a manifestar-se a partir da terceira época de dragão ao
peito, altura em que o argentino alcançara já o restrito lote de capitães do
plantel. A hipótese de terminar a carreira na Invicta começa a ser abordada nos
media desportivos e foi ganhando mais força, uma vez que a SAD adquirira
entretanto a totalidade do passe do atleta. No entanto o verão de 2009 traz
desenvolvimentos tristes, mas não fatídicos a esta cumplicidade. Os franceses
de Marselha estão rendidos ao argentino e utilizam uma tática negocial pouco
comum: perguntam quanto quer Lucho
para rumar a França. O astronómico número atirado pelo então 8 do Porto (quase
400 mil euros por mês) destina-se segundo o próprio a afastar o interesse dos
gauleses, mas para surpresa geral é imediatamente aceite sem qualquer regateio.
Somaram-se a estes valores uma verba de 18 milhões de euros que o Porto
receberia por um atleta de 28 anos, e estava-se perante uma oferta absolutamente
irrecusável… Lucho partiu quando ninguém o esperava, mas o emocionado vídeo de
despedida que deixou à nação portista levava a crer que o adeus era mais um até
já. (http://www.youtube.com/watch?v=J86UNXtWbnY).
Em França o
herói azul e branco deixa também a sua marca, e é peça fulcral logo no ano de
estreia, em que o Marselha regressa aos títulos depois de mais de uma década em
branco. Ao longo de duas épocas e meia conquista ainda 3 Taças da Liga de
França e 2 Supertaças.
Sensivelmente
a meio da sua estadia no Sul de França, Lucho Gonzalez desvenda um pouco do que
lhe vai na alma, a propósito de uma entrevista a uma rádio argentina. Quando
abordado sobre um regresso a casa para terminar a carreira, Lucho confirma que
a ideia o consome, mas sublinha que a sua casa é no Norte de Portugal, no
Porto, onde manteve a sua residência, de onde é natural a sua (segunda) esposa
e o pequeno filho de ambos.
Esta “ideia”,
concretiza-se no mercado de inverno da época 2011/2012. Em mais uma
manifestação séria de portismo, El
Comandante rejeita várias propostas financeiramente mais vantajosas e
regressa ao seu habitat futebolístico para guiar um barco que tanto precisava
dele. Encontra um grupo de caras desconhecidas (tanto no banco como no
balneário), um treinador na mira de fogo dos adeptos e um título quase entregue
aos rivais da Luz. A tantas dificuldades Lucho reage como sempre: cabeça
levantada, conduta exemplar e um golaço logo na “estreia”, em jogo a contar
para a Taça da Liga, que serviu como agradecimento à receção que nem o próprio
esperava - dezenas de adeptos esperaram noite dentro no aeroporto para o
brindarem com os cânticos pelo seu nome, silenciados há demasiado tempo.
O balneário
blinda-se em sua volta, a equipa apoia-se no seu futebol belo de tão simples
que é, e o treinador confia na liderança do já “trintão”. A época termina em
glória com um título sofrido e muito festejado, e a tradição mantém-se: com
Lucho, o Porto só sabe ser campeão. Aos 32 anos, a idade não pesa muito no seu
futebol, que é mais cerebral do que físico. Pode não ser o jogador que mais
desequilibra, nem o que mais marca ou assiste, ou tampouco o que mais corre;
mas é sem dúvida o jogador de quem a equipa mais depende para manter a sua
identidade em campo.
Como jogador é a alma da equipa, como homem
deixou que o clube e a cidade fizessem parte da sua alma. Jogou de dragão ao
peito no dia em que o pai morreu, poucas horas depois de ter conhecimento do
triste sucedido. Já fez saber que gostava de estar ligado ao clube mesmo depois
de pendurar as botas, pelo que de calções e chuteiras ou fato e gravata, a
história do Porto de Lucho promete ter muitos e bonitos
capítulos pela frente. Os adeptos agradecem. (http://www.youtube.com/watch?v=qKQf_emH4CA)
André Pinho
Grande lucho. Benfica é merda
ResponderEliminarO Lucho é luxo. Um jogador excelente, que saiu e voltou a casa onde se fez jogador. Sempre cheio de qualidade mesmo já com 33 anos. No jogo contra o Malaga foi o jogador que mais quilometros fez. Pena é que a sua carreira já esteja perto do fim, vai fazer muita falta.
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